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quarta-feira, 7 de março de 2012

Oficina: pessoas em situação de rua e dependentes químicos em bibliotecas

Crédito da foto: Comunidade Missionária Divina Misericórdia
Divulgamos oficina sobre bibliotecas públicas e pessoas em situação de rua/dependentes químicos. A ideia é discutir sobre como melhor atender esse grupo de usuários geralmente tão marginalizados.

Data: 10/03/2012, sábado
Horário: 08:30-12:30 e 13:30-17:30
Carga horária: 8 horas

Local: Conselho Regional de Serviço Social - CRESS 10ª Região
          Rua André Belo, 452 - 1º andar
          Porto Alegre, RS

Valor: gratuito, aberto para doações espontâneas (valor sugerido: R$ 10,00)
 
O total arrecadado será destinado a uma instituição que trabalhe com pessoas em situação de rua e/ou dependentes químicos.


Mais informações: https://www.facebook.com/events/189812394460947/

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As novas bibliotecas circulantes

Foto: Edu Cesar/Fotoarena
Robson César Correia de Mendonça, 61 anos, é o idealizador da Bicicloteca

Quando era morador de rua, Robson César Correia de Mendonça, 61 anos, topou com o livro “A Revolução dos Bichos” na biblioteca de um albergue. Foi uma revolução na vida dele. A leitura levou à criação da Bicicloteca, biblioteca sobre duas rodas que circula na região central da cidade de São Paulo.

 “O projeto surgiu da minha necessidade de leitura. Eu não podia retirar livros das bibliotecas por não ter comprovante de residência”, diz Robson, que é presidente do Movimento Estadual da População de Rua do Estado de São Paulo.

Com a ideia da Bicicloteca na cabeça, Robson procurou patrocinadores. O apoio veio do Instituto Mobilidade Verde. “Nosso foco é o morador de rua, mas o público é grande, inclui estudantes, advogados”, diz Lincoln Paiva, do instituto. Mesmo liberando os livros sem burocracia, o índice de retorno é de 90%, mais do que o de muitas bibliotecas.

Com o sucesso do projeto, Robson agora cuida de duas biciclotecas, uma com capacidade para 200 e outra 300 livros, somando cerca de 150 empréstimos diários. Uma delas terá placas solares para captação de energia, internet wi-fi e cursos de alfabetização digital.

Os gêneros de mais saída são romances, seguidos por livros de Direito, Religião e Psicologia.

“Livro é uma maneira de viajar, excita a mente. Com a Bicicloteca, moradores de rua começam a ler, e muitos deixam de beber, procuram trabalho, até saem da rua”, afirma Robson.
 
Mas não é só a força do pedal que leva livros a mais pessoas. Lincoln Paiva lançou também o Bibliotáxi, em maio desse ano. “Aproximamos o taxista da comunidade e, pelos livros, as pessoas podem voltar a compartilhar coisas e serem mais colaborativas”, diz Paiva.

O modelo é simples: no banco de trás do táxi, fica uma caixa com 15 livros à disposição do passageiro. “É uma forma de distribuir livros sem recurso nenhum, diferente de uma biblioteca.”

Integrar livros a espaços de trabalho também é um modelo fácil de replicar. Rafael Bernardes, dono da empresa de motefrete Translig, apostou numa biblioteca para dar mais formação e lazer aos funcionários.

“Motoboy que lê tem mais capacidade de entender um serviço, tem um português mais claro, tem interpretação de texto, sai do analfabetismo funcional. A mente começa a expandir, criar uma nova percepção de mundo”, afirma Bernardes.


Foto: Marivaldo de Oliveira
Marcos Weberton, um dos usuários da Mototeca, em clique do colega de trabalho, o também motoboy Marivaldo de Oliveira


Se o livro não chegar por táxi, moto ou bicicleta, ainda há os Correios – ou o acaso. O Bookcrossing é um portal de troca de livros que encoraja as pessoas liberarem livros em espaços públicos, quase 8 mil usuários no Brasil.

“No último mês, cerca de 750 livros tiveram sua libertação indicada no site, mas o número é maior, porque há pessoas que somente colam as etiquetas ou não informam que o livro foi libertado”, diz Helena Castelo Branco, editora do site brasileiro do BookCrossing.

Os livros também podem ser trocados em um dos 15 pontos oficiais de BookCrossing que existem no Brasil, ou por correio, em trocas combinadas pela internet.

Usuária desde 2008, a física Laura Rodrigues, 56 anos, já libertou milhares de títulos, entre exemplares próprios e doações que o bookcrossing recebeu. “Quando alguém registra o livro que eu libertei, recebo um email avisando. Já participei também de algumas correntes de leitura, de livros que viajaram pelo mundo. Quem participa tem o desprendimento de passar adiante, sem o egoísmo de deixar o livro pegando poeira na prateleira”, afirma.

Sonhadora, a poeta e romancista Ana Rüsche, 32 anos, despejou a própria obra pelo mundo. Ela publicou “Acordados” em 2007, e apostou numa distribuição alternativa.

“Eu achava sacanagem vender o livro, principalmente porque financiei a tiragem de 2.500 exemplares com um prêmio literário”, conta. “Cheguei à conclusão de que não conseguiria distribuir tudo, nem com as cotas de distribuição das bibliotecas.” Ela selecionou pessoas de interesses e perfis diferentes e deu 10 livros para que cada um redistribuísse. “Duas adolescentes que ganharam o livro criaram o blog “Acordadas”, para contar sobre a relação delas com o livro. Isso nunca teria acontecido com uma distribuição tradicional”, comemora. Com romance na gaveta para 2012, ela espera usar táticas como essa para chegar cada vez mais perto de seus leitores. E qual escritor não quer isso?

Fonte: iG

quarta-feira, 23 de março de 2011

Entrevista com Carlos Carbonel


Um brasileiro muito viajado, culto e educado que não acredita mais no sistema. Carlos Carbonel desistiu de tudo. Depois de tentar, tentar, tentar e falhar, ele virou um morador de rua. Mas sua história não é tão curta assim, e nem tão simples, e antes que todos o esqueçam, ele veio aqui narrar os seus acontecimentos e nos provocar.

Esse ilustre morador de rua já frequentou faculdade, era aluno da escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), onde fazia Engenharia. Tem mulher e filhos, mas foi obrigado a abandonar tudo durante a ditadura militar. Carbonel conta que teve alguns amigos desaparecidos e por medo de se tornar mais uma vítima do sistema ditatorial em 1976 simplesmente arrumou as suas coisas, abandonou a família e saiu de São Paulo.

Quando dizemos que ele é viajado, não é exagero, Carbonel saiu de São Paulo e foi para o Mato Grosso, depois para o Paraguai e logo voltou para o Brasil. Foi viver no nordeste, em Belém (PA), chegou a ter um estúdio de fotografia, viajou para vários países da América do Sul sem passaporte, foi muito para Itália, França e Alemanha, ficou durante três anos e meio na Suíça e chegou a ganhar o suficiente para se manter. Lá, procurou celebridades para fotografar. Estava tudo ótimo.

De volta ao Brasil, foi pego por um plano econômico que novamente tirou tudo o que tinha, aí ele desistiu de vez. "Não acredito mais no sistema", diz Carbonel.

Hoje, mora nas ruas e trabalha como um reciclador, um catador de papel, que às vezes precisa apelar para a caridade quando não tem dinheiro para comer, e conclui: "Não sou feliz, parei de tentar ser".