quarta-feira, 15 de junho de 2016

História da Imprensa


Escola Municipal de Ensino Fundamental Herbert José de Souza

História - 8os Anos - Prof. Camila Bairros

AULA I




O espaço público como espaço para as ideias

Fragmento do artigo "Um passeio pela História da Imprensa:
O espaço público dos grunhidos ao ciberespaço" de Patrícia Bandeira de Mello
Compilado por Camila Geraldo Bairros

Somente no século XV foi produzido o papel maleável, permitindo a impressão dos livros de forma prática. Porém, apenas em 1840 o papel passou a ser produzido de resina das árvores, reduzindo o problema da escassez de material para a sua produção. O papel é fundamental para o início da produção de textos e da comunicação impressa, para romper com o estado de segredo das informações, antes controladas pelo Estado e pela Igreja. O espaço público gerou uma demanda pela troca de informações, intensificada cada vez mais pelo acesso da população à leitura e à escrita. A viabilização do papel foi o que permitiu uma outra descoberta, o tipógrafo.  
A reprodução de textos teve início com os copistas e os escribas, que, com o desenvolvimento da escrita, do pergaminho e do papel, puderam fazer cópias de textos religiosos, literários e filosóficos. Até a Idade Média, as informações eram restritas e controladas, mas com o ciclo das navegações e a expansão da atividade comercial, a partir do século XIII, veio a troca de mercadorias e também de informações. O crescimento econômico da época favoreceu o acesso à alfabetização, reduzindo cada vez mais a necessidade de que textos fossem lidos em público para a população iletrada. O acesso à leitura permitiu o questionamento e a inserção de diferentes grupos à esfera pública.
O que é esfera pública?
Para responder a esta questão, é necessário retomar um filósofo chamado Jurgen Habermas que viveu na Alemanha durante o século XX. Este teórico afirmava que a burguesia é todo o público que lê. Isto posto, dizia ele que uma burguesia leitora somada ao surgimento da imprensa cria as condições ideais para a formação de uma esfera na qual os sujeitos sejam capazes de construir e manifestar uma opinião sobre os assuntos de interesse geral. O sujeito só faz parte de uma esfera pública enquanto portador de uma “opinião pública”. Opinião pública engloba a informação e um julgamento sobre ela.  A opinião pública para Habermas teria uma função de importante para controlar o exercício do poder político.
No entanto, como os meios de comunicação não atendem a todos os segmentos sociais que desejam ou tentam participar do debate estabelecido na mídia, os grupos excluídos da esfera midiática são, por consequência, excluídos do espaço público. Ou seja, a imprensa favoreceu a “privatização do espaço público”. Porém, é interessante observar que sempre houve e possivelmente sempre haverá excluídos do espaço público, aqueles que por alguma razão não estiveram aptos a discutir e polemizar, seja por razões econômicas ou educacionais.
[...]

Referências:
MELO, Patrícia Bandeira. Um passeio pela História da imprensa – O passeio público dos grunhidos ao ciberespaço. Disponível em: < http://www.fundaj.gov.br/geral/artigo_passeio_historia_imprensa.pdf> Acesso em 31/05/16.

LOSEKANN, Cristiana. A esfera pública habermasiana, seus principais críticos a as possibilidades de uso desse conceito no contexto político brasileiro. Disponível em < http://pensamentoplural.ufpel.edu.br/edicoes/04/02.pdf>. Acesso em 07/06/16.

Atividades:
1.    Explique a seguinte afirmação com base nas discussões da aula: “O papel é fundamental para o início da produção de textos e da comunicação impressa, para romper com o estado de segredo das informações, antes controladas pelo Estado e pela Igreja.”
2.    Defina com suas palavras “esfera pública”.
3.    Com base no conceito de Habermas de “esfera pública”, responda: de que forma o acesso à leitura viabilizou a construção e a inserção de diferentes grupos na esfera pública.
4.    Apresente três notícias que você tem acompanhado na mídia e posicione-se diante delas.
5.    Com o auxílio do dicionário, diferencie informação, notícia e conhecimento.

Avaliação em grupos (4 ou 5 componentes):

A)   Pesquisar a história dos principais jornais em circulação em Porto Alegre e na Região Metropolitana, Zero Hora, Correio do Povo, Jornal Metro, Jornal do Comércio. Os grupos devem explanar sobre as principais características de cada periódico.

B)   Pesquisar a história das principais redes de comunicação do Rio Grande do Sul.
Cada grupo apresentará oralmente (opcional uso do projetor) em aula no dia 22/06/16.


AULA II

O livro e a imprensa, os novos condutores do pensamento

[...]
Gutenberg foi o responsável pela criação dos tipos móveis, com capacidade de impressão em papel, com uma tinta fabricada por ele. Uma série de obras começou a ser impressa, lançando também as bases para a publicidade impressa. Para Giovannini (1987, 111), “o livro, com tudo aquilo que contém, envolve interesses jurídicos, econômicos e comerciais, tanto mais relevante quanto mais se desenvolve o seu potencial de difusão popular”. É interessante observar que o livro passou a ser o novo fio condutor das ideias. Filósofos, intelectuais e poetas passaram a expressar seus pensamentos em livros, fazendo suas ideias circularem na sociedade de forma mediada.
Surgiram as primeiras impressões sobre a humanidade: as gazetas, com informações úteis sobre atualidade; os pasquins, folhetos com notícias sobre desgraças alheias; e os libelos, folhas de caráter opinativo. A combinação desses três tipos de impressos resultou, no século XVII, no jornalismo.[...]
O aparecimento dos jornais no final do século XVII e princípios do século XVIII fomentou um novo espaço público para o debate. De início, esses jornais eram dedicados a assuntos literários e culturais, mas a temática foi se alargando para questões de interesse social e político. Gerou-se uma demanda por essas informações, pois o público queria entender e participar do processo decisório das instâncias de poder. Nesse novo espaço público, a sociedade começou a obrigar o poder a justificar-se perante a opinião pública.
[...] Somente por meio dos livros, jornais, filmes e propagandas de rádio e TV vai se tornando possível o contato mediado com a história, mesmo a história recente. Livros, jornais e revistas transformam a civilização, promovendo a mudança da esfera pública e da cultura. As mudanças político-sociais são creditadas à circulação de impressos, o que favoreceu a Revolução Francesa e ascensão da burguesia. Os filósofos da época – Voltaire, Montesquieu e Rousseau – eram entusiastas da divulgação e da trocas de ideias. Formalizou-se o conceito de enciclopédia, que propunha reunir os conhecimentos acumulados naquele período. [...] Giovannini destaca que não sabe se foi a impressão tipográfica que promoveu o Renascimento ou se foi a corrente cultural que favoreceu a imprensa. O que é certo afirmar é que a circulação de ideias em grande escala estava presente durante as grandes mudanças sociais.

_ X_
É importante saber que:

- A partir da invenção da escrita, as cartas se tornaram a principal fonte de informações entre as pessoas, numa fase anterior à tipografia;
- No século XIX, têm início as primeiras inovações nos jornais. Nos EUA, o progresso da imprensa possibilitou a popularização do jornal sensacionalista, expondo na primeira página imagens e notícias de caráter extremamente violento. Os jornais norte-americanos já [continham]  as histórias em quadrinhos – seção humorística de grande sucesso até hoje.

Referências:


MELO, Patrícia Bandeira. Um passeio pela História da imprensa – O passeio público dos grunhidos ao ciberespaço. Disponível em: < http://www.fundaj.gov.br/geral/artigo_passeio_historia_imprensa.pdf> Acesso em 31/05/16.

Ampliando o vocabulário:
Apresente os significados das palavras abaixo:
a)    Jurisdição 
b) relevância   
c) jornalismo 
d) privatização
e) Filosofia 
f) intelectual   
g) pasquim 
h) libelo
i) processo  
j) Literatura   
k) política      
l) instâncias

m) poder