Escola Municipal de Ensino Fundamental Herbert José de Souza
História - 8os Anos - Prof. Camila Bairros
AULA I
História - 8os Anos - Prof. Camila Bairros
AULA I
O espaço público como espaço para as ideias
Fragmento do artigo "Um passeio pela História da Imprensa:
O espaço público dos grunhidos ao ciberespaço" de Patrícia Bandeira de Mello
Compilado por Camila Geraldo Bairros
Somente no século XV foi produzido o
papel maleável, permitindo a impressão dos livros de forma prática. Porém,
apenas em 1840 o papel passou a ser produzido de resina das árvores, reduzindo
o problema da escassez de material para a sua produção. O papel é fundamental
para o início da produção de textos e da comunicação impressa, para romper com
o estado de segredo das informações, antes controladas pelo Estado e pela Igreja. O espaço público gerou uma demanda pela troca de
informações, intensificada cada vez mais pelo acesso da população à leitura e à
escrita. A viabilização do papel foi o que permitiu uma outra descoberta, o
tipógrafo.
A reprodução de textos teve início com os copistas e os
escribas, que, com o desenvolvimento da escrita, do pergaminho e do papel,
puderam fazer cópias de textos religiosos, literários e filosóficos. Até a
Idade Média, as informações eram restritas e controladas, mas com o ciclo das
navegações e a expansão da atividade comercial, a partir do século XIII, veio a
troca de mercadorias e também de informações. O crescimento econômico da época
favoreceu o acesso à alfabetização, reduzindo cada vez mais a necessidade de
que textos fossem lidos em público para a população iletrada. O acesso à
leitura permitiu o questionamento e a inserção de diferentes grupos à esfera pública.
O que é esfera pública?
Para responder a esta questão, é necessário retomar um filósofo
chamado Jurgen Habermas que viveu na Alemanha durante o século XX. Este teórico
afirmava que a burguesia é todo o público que lê. Isto posto, dizia ele que uma
burguesia leitora somada ao surgimento da imprensa cria as condições ideais
para a formação de uma esfera na qual os sujeitos sejam capazes de construir e
manifestar uma opinião sobre os assuntos de interesse geral. O sujeito só faz
parte de uma esfera pública enquanto portador de uma “opinião pública”. Opinião
pública engloba a informação e um julgamento sobre ela. A opinião pública para Habermas teria uma
função de importante para controlar o exercício do poder político.
No entanto, como os meios de comunicação não atendem a
todos os segmentos sociais que desejam ou tentam participar do debate
estabelecido na mídia, os grupos excluídos da esfera midiática são, por consequência,
excluídos do espaço público. Ou seja, a imprensa favoreceu a “privatização do
espaço público”. Porém, é interessante observar que sempre houve e possivelmente
sempre haverá excluídos do espaço público, aqueles que por alguma razão não
estiveram aptos a discutir e polemizar, seja por razões econômicas ou
educacionais.
[...]
Referências:
MELO, Patrícia Bandeira. Um passeio pela História da imprensa – O
passeio público dos grunhidos ao ciberespaço. Disponível em: < http://www.fundaj.gov.br/geral/artigo_passeio_historia_imprensa.pdf> Acesso em 31/05/16.
LOSEKANN, Cristiana. A esfera pública habermasiana, seus
principais críticos a as possibilidades de uso desse conceito no contexto
político brasileiro. Disponível em < http://pensamentoplural.ufpel.edu.br/edicoes/04/02.pdf>. Acesso em 07/06/16.
Atividades:
1.
Explique
a seguinte afirmação com base nas discussões da aula: “O papel é fundamental
para o início da produção de textos e da comunicação impressa, para romper com
o estado de segredo das informações, antes controladas pelo Estado e pela Igreja.”
2.
Defina
com suas palavras “esfera pública”.
3.
Com
base no conceito de Habermas de “esfera pública”, responda: de que forma o
acesso à leitura viabilizou a construção e a inserção de diferentes grupos na
esfera pública.
4.
Apresente
três notícias que você tem acompanhado na mídia e posicione-se diante delas.
5.
Com
o auxílio do dicionário, diferencie informação, notícia e conhecimento.
Avaliação
em grupos (4 ou 5 componentes):
A)
Pesquisar
a história dos principais jornais em circulação em Porto Alegre e na Região
Metropolitana, Zero Hora, Correio do Povo, Jornal Metro, Jornal do Comércio. Os
grupos devem explanar sobre as principais características de cada periódico.
B)
Pesquisar
a história das principais redes de comunicação do Rio Grande do Sul.
Cada grupo apresentará
oralmente (opcional uso do projetor) em aula no dia 22/06/16.
AULA
II
O
livro e a imprensa, os novos condutores do pensamento
[...]
Gutenberg foi o responsável pela criação dos tipos
móveis, com capacidade de impressão em papel, com uma tinta fabricada por ele.
Uma série de obras começou a ser impressa, lançando também as bases para a
publicidade impressa. Para Giovannini (1987, 111), “o livro, com tudo aquilo
que contém, envolve interesses jurídicos, econômicos e comerciais, tanto mais
relevante quanto mais se desenvolve o seu potencial de difusão popular”. É interessante
observar que o livro passou a ser o novo fio condutor das ideias. Filósofos, intelectuais
e poetas passaram a expressar seus pensamentos em livros, fazendo suas ideias circularem
na sociedade de forma mediada.
Surgiram as primeiras impressões sobre a humanidade: as
gazetas, com informações úteis sobre atualidade; os pasquins, folhetos com
notícias sobre desgraças alheias; e os libelos, folhas de caráter opinativo. A
combinação desses três tipos de impressos resultou, no século XVII, no
jornalismo.[...]
O aparecimento dos jornais no final do século XVII e
princípios do século XVIII fomentou um novo espaço público para o debate. De
início, esses jornais eram dedicados a assuntos literários e culturais, mas a
temática foi se alargando para questões de interesse social e político.
Gerou-se uma demanda por essas informações, pois o público queria entender e
participar do processo decisório das instâncias de poder. Nesse novo espaço
público, a sociedade começou a obrigar o poder a justificar-se perante a
opinião pública.
[...] Somente por meio dos livros, jornais, filmes e
propagandas de rádio e TV vai se tornando possível o contato mediado com a
história, mesmo a história recente. Livros, jornais e revistas transformam a
civilização, promovendo a mudança da esfera pública e da cultura. As mudanças
político-sociais são creditadas à circulação de impressos, o que favoreceu a
Revolução Francesa e ascensão da burguesia. Os filósofos da época – Voltaire,
Montesquieu e Rousseau – eram entusiastas da divulgação e da trocas de ideias.
Formalizou-se o conceito de enciclopédia, que propunha reunir os conhecimentos
acumulados naquele período. [...] Giovannini destaca que não sabe se foi a impressão
tipográfica que promoveu o Renascimento ou se foi a corrente cultural que favoreceu
a imprensa. O que é certo afirmar é que
a circulação de ideias em grande escala estava presente durante as grandes
mudanças sociais.
_ X_
É importante saber que:
- A
partir da invenção da escrita, as cartas se tornaram a principal fonte de informações entre as pessoas, numa fase anterior à tipografia;
- No século XIX, têm início as primeiras inovações nos
jornais. Nos EUA, o progresso da imprensa possibilitou a popularização do
jornal sensacionalista, expondo na primeira página imagens e notícias de
caráter extremamente violento. Os jornais norte-americanos já [continham] as histórias em quadrinhos – seção humorística
de grande sucesso até hoje.
Referências:
MELO, Patrícia Bandeira. Um passeio pela História da imprensa – O passeio público dos grunhidos ao ciberespaço. Disponível em: < http://www.fundaj.gov.br/geral/artigo_passeio_historia_imprensa.pdf> Acesso em 31/05/16.
Ampliando o vocabulário:
Apresente os significados das palavras abaixo:
a) Jurisdição
b) relevância
c) jornalismo
d)
privatização
e) Filosofia
f)
intelectual
g) pasquim
h) libelo
i) processo
j)
Literatura
k) política
l) instâncias
m) poder