Por Mário Sérgio Leandro
Sempre tive a curiosidade de ler esse livro, mas nunca o tive nas mãos. Eis que tive a oportunidade de lê-lo na Estante do Troca-Troca da Biblioteca da ESEF/UFRGS.
Macunaíma o herói sem nenhum carater pode ser considerada uma das primeiras histórias em que se postula o original herói brasileiro com todos os seus 'brasilianismos'. Segundo Mário de Andrade, "no fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto e retinto e filho do medo e da noite... E aos seis anos de idade, incitado a falar, disse: Ai que preguiça".
Não sendo nem romance, nem rapsódia, Macunaíma ficou sendo o que já tinha sido quando nasceu: livro, mas também peça de teatro.
Para quem quer ler uma obra engraçada e a qual mistura todo o imaginário do que seja ser um herói brasileiro, vai encontrar tudo isso em Macunaíma o herói sem nenhum caráter. Se Mário de Andrade abusa da fantasia na narrativa das aventuras da personagem principal, também ficam algumas dúvidas em relação a algumas passagens do livro em que Macunaíma "brinca" com uma 'cunhatã' mesmo contra a vontade dela. Seria esse um caso de abuso?
O que mais chama a atenção no texto é a potencialização do 'jeito' brasileiro como super-poderes de Macunaíma, o qual encontra solução para todos os seus problemas. Há também por parte do autor um esmero em descrever o melhor possível as características da fauna e flora brasileiras, pois a riqueza de detalhes impreciona também no que se refere às expressões tipicamente indígenas e, além disso, a origem de certos ditos populares, como "Vá tomar banho" e a origem do "Cruzeiro do Sul", tudo isso surgido apartir da aventura do herói.
Macunaíma herói sem nenhum caráter é uma obra genuinamente brasileira, criada por, talvez, um dos maiores pensadores em termos de Brasil no século XX. É um bom livro porque ainda mostra muito de todos nós, mesmo que seja muito pouco.
Um dos pouco livros que pode ser considerado um clássico da nossa Literatura.
"Tem mais não".