terça-feira, 20 de março de 2012

Brasil tenta reaver mercado literário europeu

O retorno dos autores brasileiros à cena literária francesa faz parte de uma nova política de valorização do Salão do Livro de Paris

O retorno dos autores brasileiros à cena literária francesa faz parte de uma nova política de valorização do Salão do Livro de Paris, à qual a embaixada do Brasil se lançou em 2011. Depois de dois anos de afastamento, a representação diplomática constatou a perda progressiva de espaço dos escritores do País, apesar do interesse crescente dos editores franceses pelos ficcionistas brasileiros.

Até 2009, a Biblioteca Nacional organizava a participação dos escritores do evento, imprimindo sua política cultural, enquanto o Itamaraty se encarregava do apoio logístico. Mas, desde então, a BN prioriza outros eventos, e tinha desistido de Paris pelo custo e pelas dificuldades operacionais. Em 2011, a embaixada acertou com a direção da Biblioteca Nacional o retorno ao Parque de Exposições de Porte de Versailles, dividindo os custos. A preocupação dos diplomatas era reverter a perda de influência dos autores em uma das capitais mundiais da cultura. “Estávamos perdendo espaço e tínhamos de voltar para o Salão de Paris”, justificou Simone Dias, chefe do Setor Cultural da embaixada.

A escolha dos autores convidados foi feita pelo Itamaraty. Entre os critérios, estava a descentralização, de forma a impedir que a presença brasileira no Salão do Livro se transformasse no feudo de autores de algum Estado. “Queríamos trazer um pessoal novo, não em idade, mas em proposta”, explica Simone. “O critério é que todos sejam gostosos de ler, que tenham qualidade e que atraiam o leitor.”

O resultado da proposta foi uma ofensiva cultural brasileira em Paris. O slogan do estande, “Este país tá diferente”, remete à letra de Chico Buarque, é publicado em português - mesmo em veículos de imprensa franceses - e tem como objetivo desafiar o leitor a não apenas se interessar pelo idioma, mas a buscar compreender suas nuances e informalidades. O resultado da mobilização, segundo Simone, já se faz sentir. “As editoras estão correndo atrás da gente, querendo nomes para publicar na França.”

O problema é que a empreitada do Itamaraty pode não se reproduzir. Até aqui, nada garante a presença dos escritores brasileiros no próximo salão. “A gente quer que continue. Se não tivermos apoio, não sabemos se vai acontecer mais uma vez no ano que vem”, lamenta Simone. A principal adversidade é o alto custo das instalações - os gastos superam os 50 mil euros. Isso sem contar o material de divulgação, obrigatório para quem precisa reverter o sumiço dos anos anteriores. “É um investimento alto, mas não queremos que seja só um sopro. Nossa ideia é que nos aprimoremos para o ano que vem. Se a Biblioteca Nacional disser que não pode fazer, a gente vai tentar fazer de toda forma.”

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