No livro Discurso do Método, de René Descartes, encontrei uma referência bem interessante à língua de sinais. É claro que é uma referência inserida no contexto em que a obra foi escrita, século XVII.
“Pois é uma coisa muito notável que não há homens tão embrutecidos e tão estúpidos, sem excetuar os loucos, que não sejam capazes de dispor juntas diversas palavras, e de compor um discurso pelo qual façam entender seus pensamentos; ao contrário, não há outro animal, por mais perfeito e bem nascido que possa ser, que faça o mesmo. O que não acontecem por lhe faltarem os órgãos, pois sabemos que as pegas e os papagaios podem proferir palavras como nós, sendo no entanto incapazes de falar como nós, isto é, de testemunhar que pensam o que dizem; enquanto os homens que, nascidos surdos e mudos, são privados, tanto ou mais que os animais, dos órgãos que servem aos outros para falar, costumam inventar eles próprios alguns sinais, fazendo-se entender por aqueles que, vivendo ordinariamente com eles, têm vontade de aprender sua língua”. DESCARTES, René. Discurso do Método; tradução de Paulo Neves. – Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009, p. 97.
Discurso do Método é uma obra de referência, pois foi com ela que se colocou a dúvida como motor de inovações e descobertas, não aceitando as coisas como verdadeiras que não se conheça evidentemente com tal.
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