quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Roteiro da Peça de Teatro Turma 72 "A Escrava Isaura" - Mostra Consciência Negra - Profª. Camila


Fonte da imagem: livrosgratis.net

Narradora: Isaura era filha de uma mulata clara com o antigo feitor da fazenda de escravos, um português.
O comendador, pai do senhor Leôncio, tentou de inúmeras maneiras seduzir a mãe de Isaura. Mas ela resistiu.
O comendador então a entregou a Miguel, para que ele a colocasse no trabalho da roça. Porém ela e Miguel se apaixonaram e Isaura nasceu na senzala.
O comendador ao descobrir a façanha, expulsou Miguel e tratou a escrava mão da Isaura tão mal que a matou.

-Isaura entra em cena e senta no chão. Em seguida Malvina entra em cena.

Malvina: Por que está tão triste Isaura?

Isaura (com voz triste): Lembrei de minha mãe, que não conheci...

Malvina: Hão de pensar que a maltratamos, que é vítima de senhores cruéis.

Isaura: Mas eu não sou mais do que nenhuma outra escrava, senhora Malvina.

Malvina: Falarei com Leôncio, cumpriremos a vontade de minha finada sogra, você será alforriada. Não chore.

Malvina sai de cena. Entra a narradora. Isaura continua sentada.

Narradora: Enquanto isso, Leôncio contava para seu cunhado Henrique (irmão de Malvina) sobre a mais bela escrava que já tivera conhecido: Isaura.

A narradora sai de cena e entram Henrique e Leôncio (Isaura continua sentada.

Henrique: Hum.. então essa é a escrava, mas linda desse jeito, não há ninguém que queira pagar sua alforria?

Leôncio: Colocamos um preço tão exorbitante nela, que acho que não corro esse risco.

Malvina, de trás das coxias grita: Leôncio, meu amor, precisamos conversar!- Leôncio sai de cena. Henrique pega nas mãos de Isaura e a levanta.

Henrique: Mulatinha... você não faz idéia do quanto é feiticeira.
Você é muito linda para ser escrava, posso te comprar sabia?

Isaura: Oh, senhor?!

Henrique: Teria jóias, sedas, escravos... só um beijo.

Isaura: Deixe-me em paz!

Leôncio, disfarçadamente, entra em cena.

Isaura: Pare! Oh, já não basta o senhor Leôncio!
Henrique: O quê? Também Leôncio? Que infâmia!

Leôncio: Bravo, muito bem senhor meu cunhado.

Henrique: Canalha! Pobre de minha irmã Malvina! Não conhece o marido que tem!


Leôncio: O quê está insinuando, rapaz?

Henrique: Malvina saberá de tudo!

Henrique sai de cena.

Leôncio (apontado para Isaura com raiva): Disse alguma coisa a ele?

Isaura: Eu?! Não... nada que pudesse ofender o senhor...

Leôncio: Tenho tido paciência com a sua repulsa, mas não se atreva a revelar o que se passa aqui!

Leôncio sai de cena. Isaura começa a chorar. Após um tempo, Leôncio volta ao palco.

Leôncio: Desculpe-me se te magoei...

Leôncio abraça Isaura. Malvina entra em cena e vê Leôncio e Isaura se abraçando.

Malvina: Agora acredito no que meu irmão me contou. Leôncio, seu cafajeste! Hoje mesmo abandono essa casa!

Isaura: Senhora Malvina, me desculpe, eu não...

Malvina se dirige para as coxias, mas antes de entrar diz:

Malvina: Vou imediatamente fazer minhas malas. Não fico nem mais um segundo nessa casa!

Henrique e Malvina saem de cena. Imediatamente Isaura sai correndo para as coxias. Leôncio coloca as mãos sobre o rosto e o balança negativamente, sussurrando alguma coisa.
Ouve-se um grito de trás das coxias.

Carteiro: Carta para o senhor Leôncio!

Leôncio pega a carta e a tira do envelope. Em seguida, conforme lê a carta, vai ficando triste. Isaura e Miguel entram em cena de braços dados.

Miguel: ó de casa... dá licença?

Leôncio: O que você quer aqui?

Miguel: Vim pagar a alforria de minha filha Isaura. Aqui estão os dez mil réis.

Leôncio começa a rir.

Leôncio: Está vendo essa carta?


Leôncio mostra o envelope vazio da carta para Miguel e Isaura.

Leôncio: Ela veio me comunicando que meu pai morreu de congestão cerebral, há dois dias e eu, como o único herdeiro, sou agora o dono dessa fazenda e, também, sou proprietário de tudo que nela está. Isso inclui os escravos.
Por tanto, eu declaro que Isaura não está mais a venda.

Miguel: Mas isto não é justo. Eu tenho o dinheiro e...

Leôncio: Calado! Isaura é minha propriedade. E, a partir de hoje, ela vai trabalhar no estábulo com as outras escravas, onde é seu devido lugar.

Isaura: Senhor Leôncio, não...

Leôncio, sem dar a menor bola para Isaura, continua:

Leôncio: Agora Miguel, peço que se retire de minha fazenda, se não tirei que retirá-lo a força.

Miguel sai de cena. Isaura começa a chorar.

Leôncio: Agora Isaura vou te mostrar o caminho para o estábulo.

Os dois saem de cena e entra a narradora.

Narradora: Gente, é importante lembrar que na obra original de Bernardo Guimarães Isaura tem um final feliz. Porém, nós optamos por darmos à trama um final trágico, onde ela termina como escrava. Também gostaríamos de agradecer por terem assistido o teatro da turma 72.

Todos entram no palco, se dão as mãos e fazem a reverência para o público.

8 comentários:

  1. Bom ! Eu achei legal o roteiro.
    Com esse roteiro o teatro vai ficar bem legal.
    Roberto Pinheiro da Rosa
    Escola Julio Grau
    Turma 72

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  2. adorei a peça,na minha opinião todos irão gostar!!!

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  3. Achei ótimo,acho que tem tudo haver com oque lemos na história em quadrinhos,acho que todos iram desfrutar de uma bela e talentosa peça ! Lisandra Sutil.

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  4. gostei da peça e tenha certeza que todos vao se interessar por esse roteiro
    Thiago moraes machado
    Escola Julio Grau
    72

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  5. Perfeito. Gostei do roteiro todo, mas a última parte do narrador, em especial. Acho que com essa, dizendo que na obra original o fim da história era diferente, vai dispertar nas pessoas, vontade de lerem o livro. Muito bom mesmo! Todos vão gostar.
    Maiara Lumertz, 72.

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  6. gostei mesmo
    vai ser legal destacar os pontos de preconceito da história.acho importante mostrar que até as mais lindas histórias tem seu lado ruim.
    Ariel 72

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  7. nossa legal
    mas vocês usaram um figurino personalizado ou fizeram com roupa normal

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