sábado, 14 de maio de 2011

Leituras Obrigatórias da UFRGS 2012: História do Cerco de Lisboa

Crédito da imagem: confinshistoria.blogspot.com


Por Mário Sérgio Leandro

Personagens do romance:

        Raimundo Benvindo Silva: É o revisor de texto e protagonista do romance; e o seu nome ficamos sabendo somente na p. 27. Raimundo tem uma vida pacata e tranqüila no seu ofício de revisor de texto da editora. Certo dia, ao realizar a revisão do livro da História do Cerco de Lisboa, é acometido de um ‘certo mal’ e interfere na ideia central da obra: a indecisão dos Cruzados em auxiliar ou não el-rei no cerco da capital portuguesa para expulsar os mouros. Eis que Raimundo insere um NÃO na dúvida e altera totalmente a ordem da história e a manda assim para a produção. O interessante é que depois do episódio o dia a dia de Raimundo torna-se mais vivo mais agitado, ainda mais quando conhece Maria Sara, nova chefe dos revisores, pois se renova um não sei o quê dentro de seu peito. Maria Sara percebe que com NÃO inserido na história abre-se um precedente para a escrita de uma nova versão do cerco e que somente Raimundo o pode escrever.

        O Historiador: É quem escreve o livro sobre a História do Cerco de Lisboa, ele e Raimundo são amigos e é na conversa de ambos que começamos a ler o próprio livro de Saramago. O motivo da conversa inicial é sobre a tecla deleatur e a sua função. No início do romance, temos uma conversa  que vai do específico para o geral; pois tudo isso se origina a princípio da função dessa tecla. De uma certa maneira, esse exercício que Saramago realiza já nas primeiras páginas do romance segue até o fim do livro.

        O Costa: É o responsável de receber as cópias revisadas dos revisores e encaminha-las à produção. Depois da alteração feita por Raimundo, ele fica um pouco ríspido com esse. Raimundo fica realmente muito triste e envergonhado por passar para trás uma pessoa como o Costa.

        Maria Sara: É a profissional contratada para ser a chefe dos revisores depois do episódio da alteração de Raimundo. Quando Raimundo é chamado depois de “Treze longos dias” à editora para dar explicações sobre o ocorrido, ela está na sala junto ao diretor literário e ao diretor de produção; mas ela não é apresentada a Raimundo, o que deixa o revisor de texto muito inquieto.

        O Diretor Literário: É que recebe Raimundo e o chama à responsabilidade de responder pela alteração feita na obra. O diretor literário chega a afirmar que a alteração realizada pelo revisor não foi um erro; e sim, um procedimento deliberado, pois o NÃO escrito não tinha a forma de uma emenda, mas era muito parecido com a escrita do texto original.

        Senhora Maria (a mulher-a-dias): É a empregada doméstica quem faz a limpeza na casa de Raimundo. Quando Maria Sara passa a noite com Raimundo e ela vai ao quarto fazer a limpeza e sente o perfume de Maria Sara e também vê a casa arrumada, desconfia de que Raimundo esteja se relacionando com alguém.

       


Os personagens da obra História do Cerco de Lisboa.

        O Almuadem: Mouro, cego, o qual, todos os dias, chama o povo islâmico da cidade sitiada à oração, parece ser um guia espiritual; mas em nenhum momento Saramago ou mesmo Raimundo Silva o distinguem desse modo.
        El-rei Dom Afonso Henriques: É quem lidera os soldados católicos rumo ao cerco de Lisboa. Tenta implementar o cerco à cidade o quanto antes, pois têm problemas de ‘caixa’ para pagar um novo soldo dos soldados que lhe vence em dois meses.

        Mem Ramires: É um dos capitães dos soldados do cerco. Entre eles, havia muitos capitães estrangeiros: bretões, franceses, germânicos. Entre os soldados portugueses, no fim do romance, há um princípio de motim, pois os soldados portugueses querem a divisão e o pagamento do saque em partes iguais, pois morreram da mesma morte que os capitães estrangeiros e lutaram pela mesma vitória.

        Mogueime: É um dos soldados que lutam no cerco de Lisboa. Raimundo Silva identifica-se muito com essa personagem e, às vezes, coloca os seus próprios sentimentos na pele de Mogueime. Tive essa sensação quando Mogueime fala de sua paixão por Ouroana: parece não ser Mogueime que está a falar, e sim, Raimundo a falar de Maria Sara. Mogueime, no motim citado acima, fica sendo o escolhido entre os soldados para representá-los na discussão da divisão do saque à cidade, pois é mais bem esclarecido com as letras e a fala; o que surpreende, de certa forma, el-rei. Mogueime ganha fama e autoridade porque, na tomada da cidade de Santarém, seu corpo serve de escada para que os soldados subam ao adarve onde estão os mouros, tanto que ele conta essa história aos soldados mais novos no próprio livro.

        Frei Rogeiro: Faz às vezes de interlocutor e intérprete nas discussões entre os mouros e el-rei. Representa a Igreja.

A obra


        Ler Saramago é atentar para os detalhes do cotidiano os quais passam despercebidos na correria de uma vida urbana do nosso medíocre dia a dia. O início do livro história do cerco de Lisboa começa bem ao estilo de José Saramago. Surpreendentemente. A trama começa com a discussão entre o revisor de texto e o historiador sobre a edição do livro e sobre a função da tecla deleatur; demonstrando a genialidade do autor e nos mostrando o nascedouro de um texto e do livro: a tipografia; os bastidores da edição e revisão textual. A discussão começa bem divertida até porque tanto revisor como historiador, a partir da função da tecla deleatur, vão a fazer discussões filosóficas, num ir e vir sobre a vida de ambos. Isso tudo acontece num tipo de preâmbulo da obra, pois a obra de Saramago não possui as divisões clássicas: introdução, capítulo I, índice, etc. Não espere uma obra normal – não de José Saramago, mas é aí que surge um dado importantíssimo o qual irá desenrolar-se durante todo o resto da obra: a influência das “emendas” realizadas no texto pelo revisor; e de todo o conhecimento e suporte que requer o exercício dessa profissão. A discussão é bem interessante e o leitor deve lê-la como se essa fosse uma apresentação que o autor faz ao seu leitor, pois Saramago coloca-se assim no texto, não apenas como mero narrador isento; não, mas como uma pessoa a qual traz toda a cotidianidade dos detalhes de nossas vidas para um texto sério e adulto; porém não menos divertido, leve e também responsável do ponto de vista da leitura. Então, precisamente, essa é a introdução da obra: a discussão a respeito da função da tecla deleatur e suas implicações de uso – não somente no texto –, mas também na vida das pessoas, inclusive de revisores e historiadores e as emendas que são feitas no próprio texto.

        Para quem ainda não leu nenhuma obra desse grande escritor português, talvez venha a surpreender-se com a forma do texto: ele não usa muito o ponto final para encerrar as frases; e os diálogos não são demarcados de forma clássica: “A senhora precisa de mais alguma coisa?” “Não, muito obrigada”. Esqueça esse formalismo; isso faz parte do autor, é uma característica dele. Pois bem, o nome do nosso revisor de texto, o qual somente vamos saber algumas páginas bem adiante (p. 27), chama-se Raimundo Benvindo Silva, e ele tem o livro História do Cerco a Lisboa para formatá-lo e entregar ao Costa, chefe da produção da editora para qual Raimundo trabalha e assim como:

“Aristóteles dissera que as moscas possuem apenas quatro patas (apesar de as crianças comprovarem que as moscas possuem seis), o revisor não lerá todo o livro para entregá-lo na manhã seguinte, pois o sacrifício não o apetece e foi tomado pela antipatia pela obra e pelo autor”, p. 38.

Outro aspecto interessante que merece ser apontado é a análise de Raimundo sobre de como se produz a história:
“Machado, crédulo, copiou sem conferir o que haviam escrito Frei Bernardo de Brito e Frei António Brandão, é assim que se arranjam os equívocos históricos, Fulano diz que Beltrano disse que de Cicrano ouviu, e com três autoridades dessas se faz uma história”, p.39.

Talvez tenha sido essa situação que tivesse mexido com Raimundo desde o começo da revisão e daí a sua antipatia pela obra e pelo autor. Os cruzados analisam a situação do cerco à cidade e se ajudam ou não no combate aos mouros; o texto diz que os cruzados sentiram-se diminuídos em ter de lutar no território português, pois foram treinados e se prepararam para defender e resgatar a Terra Santa e aquilo, de certa forma, era uma humilhação e aí temos também uma característica da narrativa: Saramago nos conta um pouco da História do Cerco de Lisboa e do impasse dos Cruzados no auxílio à cidade; conta-nos também sobre os acontecimentos da vida de Raimundo. Então, temos um vai e vem no texto em que o leitor precisa ficar atento a esses detalhes, pois assim é muito fácil perder-se na narrativa.

Aqui temos um fato interessante: depois da conversa com o autor da obra, Raimundo é tomado por um sentimento de repulsa pela obra e pelo o autor, mas ele continua a ler o livro e é aí que acontece algo bem diferente: Raimundo faz uma emenda a qual dará ao livro um desfecho completamente diferente daquele que seu autor projetou à obra. Raimundo coloca um NÃO na sentença: “e os cruzados decidiram que os portugueses NÃO terão a sua ajuda”. O que não estava escrito e ele o faz deliberadamente. Saramago, para deixar o episódio mais divertido, compara a situação de Raimundo e o seu conflito em emendar ou não o trecho do livro com um outro clássico da literatura universal: Dr. Jekylll e Mr. Hyde, o médico e o monstro. E a partir daí parece que o cerco à cidade começa a fazer parte da realidade de Raimundo, pois após a entrega da cópia ao Costa, segue-se uma verdadeira recontagem da história. O revisor de texto, ao ter consciência da alteração feita, não permanece em casa no dia seguinte após a entrega da cópia revisada, vai à Leiteria A Graciosa, faz um lanche e procura não ficar em casa para não ter de atender a qualquer telefonema e presenciar uma possível visita do Costa.

Crédito da imagem: ciadasletras.com

Nisso, dá-se uma fuga em direção aos muros que cercam a cidade e, ao passar pelas ruas e perceber a fisionomia das casas, é trazida às lembranças de Raimundo os fatos lidos no livro História do Cerco de Lisboa. Ao fugir de casa, sente-se como um Cruzado em não querer ajudar a cidade, pois se encontra fora dos muros da cidade. Nesse passeio, Raimundo vê o quanto fora “cego” (como o almuadem, cego, que chama os mouros às orações no alvorecer de cada manhã) de não conhecer a sua própria cidade, pois a conhecia somente dos livros, mas de que o adianta: se não a vive, se não a tem nas mãos, nos olhos, e poder dizê-la: minha cidade. Na sua caminhada, encontra uma cigana pedinte e os olhos dela mostram a Raimundo que o cerco ainda não acabara; não o cerco à cidade, mas o cerco da pobreza e discriminação que ainda existem. Não só em Lisboa, mas em todos os lugares sob a égide do capitalismo. Outro aspecto interessante: como os cegos têm participação na obra de Saramago: o almuadem cego, a Rua dos Cegos, os três fantasmas cegos (o que foi, o que esteve para ser e o que poderia ter sido); apesar de Ensaio sobre Cegueira não ser também uma leitura obrigatória, podemos ver aqui um possível indício de uma questão envolvendo a temática da cegueira ou a acessibilidade. Ainda com o passeio, ao longe, Raimundo vê a localização de sua casa e não sabe se no passado distante a sua casa fora sitiada ou sitiante, demonstrando a profunda relação do revisor de texto com a História do cerco de Lisboa.

Passados 13 dias depois da entrega das cópias, Raimundo é chamado à editora para explicar-se sobre o ocorrido: como um revisor tão dedicado, tão sério, tão responsável, foi capaz de fazer tamanha desonra à editora? E quanto à errata que a editora teria de fazer: “onde se lê não, não se leia não, leia-se sim”. Todo esse tempo de trabalho, a confiança, como pode? Apesar disso, Raimundo não é demitido, possibilidade que, até o meio da conversa com o diretor literário, era o mais evidente desfecho. Na reunião, ele fica sabendo que todos os revisores de textos terão como chefe a Sra. Maria Sara, a qual fica à parte da discussão entre Raimundo e o diretor literário e o diretor de produção. Ela manifesta-se somente quando ambos citam a conversa entre Raimundo e o historiador sobre a função da tecla deleatur, a qual ela havia desconhecer. Raimundo escreve uma carta de desculpas para o autor do livro, fica incomodado com a presença de Maria Sara, a qual somente será apresentada ao Sr. Raimundo mais tarde como tal, num telefonema ao mesmo. Recebe a ligação da editora e Maria Sara o chama para uma reunião, Raimundo fica agitadíssimo, passa tintura nos cabelos, em que Saramago diz que “a Estética é rainha, rei e presidente”, fazendo alusão a uma característica pós-moderna: o parecer ser.

No encontro com Maria Sara, Saramago para a narrativa para analisar os movimentos e trejeitos de ambos, em que Raimundo recebe da chefa dos revisores, um livro sem a errata, alegando que Raimundo, quando fizeram a emenda que dera um contexto completamente diferente daquele que o autor pensara ao livro, escrevera outra história, também era um autor. Raimundo recebe-o como sinal de troça (ridicularização) da chefa para com ele; dizendo a ela que era revisor, que não era autor, que não o chamasse ali para isso, fica perturbado novamente. Depois disso, Raimundo sente-se como um estranho dentro da própria casa, é preciso andar pelos cômodos da casa até reconhecer-se como antes. Analisa o único exemplar sem a errata e sintetiza: “um livro só tem um dono; um dono que não pode querer a mais ninguém”. Raimundo reflete sobre os acontecimentos e é tomado de uma energia revigorante diante da contemplação da cidade a partir da janela do seu escritório num dia de chuva. Saramago faz uma contagem do tempo, mas não esse tempo ordinário: dias, semanas, meses... Faz uma aproximação de quanto temos ficamos à janela a contemplar o dia, o rio, o céu, essas coisas mais simplesmente humanas a que não fazemos mais.

Raimundo decide escrever um livro, uma nova versão da História do Cerco de Lisboa, e isso talvez seja o que tinha em mente Maria Sara ao dar-lhe um exemplar do livro sem a errata, como uma forma de estímulo, pois a emenda NÃO não foi apenas uma emenda, mas o seu sentido dá vazão a uma nova análise e possível reescrita do episódio, pois há muitos itens que não estão muito claros na obra primeira. E Saramago faz essa análise e isso dá subsídios para Raimundo realizar a empresa. Raimundo sente uma vontade enorme de sair à rua, procurando indícios que possam lhe fornecer para a escrita da nova versão. Tem dificuldades de iniciá-la e a partir do NÃO começa a relacionar os pormenores do fato histórico.

Creio que Raimundo apaixona-se por Maria Sara, mas esse sentimento é algo que ele não compreende que o seja; e ela não acredita que o possa existir, até o episódio do toque na rosa branca. Maria Sara fica tocada com o gesto de Raimundo na rosa branca. Depois disso, fica Raimundo, a saber, que a senhora Maria Sara está doente, fica um tanto nervoso e sem jeito de solicitar o número do telefone à telefonista da editora, mas acaba pedindo e decide ligar de casa; mas não liga. Ao chegar em casa, fica adiando o momento em que deveria ter ligado, mas novamente não liga. A senhora Maria mulher-a-dias deixa um recado para que ele retorne a ligação no número anotado: é o mesmo número que tem no bolso – o de Maria Sara. Ele liga; os dois conversam e daí em diante começam a ter um relacionamento que vai crescendo junto com a nova versão da História do Cerco de Lisboa. Em algumas partes da nova versão, vemos algumas semelhanças no desenvolver da trama e no desenvolvimento da relação de Raimundo e Sara, quando do exemplo de que não sabe se Ouroana irá querer ficar com Mogueime, pois Mogueime é somente um soldado e não chegará a capitão, mas Maria Sara percebe que ele não está a falar de Ouroana, mas sim dela mesma em relação ao seu novo relacionamento. Aqui Saramago faz uma crítica ao machismo na fala de Maria Sara.

Ambas as histórias vão se desenvolvendo, a cidade é retomada, e assim termina a obra:

        “São três horas da madrugada. Raimundo pousa a esferográfica, levanta-se devagar, ajudando-se com as palmas das mãos assentes sobre a mesa, como se de repente lhe tivessem caído em cima todos os anos que tem para viver. Entra no quarto, que uma luz fraca apenas ilumina, e despe-se cautelosamente, evitando fazer ruído, mas desejando no fundo que Maria Sara acorde, para nada, só para dizer-lhe que a história chegou ao fim, e ela, que afinal não dormia, pergunta-lhe, Acabaste, e ele respondeu, Sim, acabei, Queres dizer-me como termina, Com a morte do almuadem. E Mogueime, e Ouroana, que foi que lhes aconteceu, Na minha ideia, Ouroana vai voltar para Galiza, e Mogueime irá com ela, e antes de partirem acharão em Lisboa um cão escondido, que os acompanhará na viagem, Por que pensas que eles se devem ir embora, Não sei, pela lógica deveriam ficar, Deixa lá, ficamos nós. A cabeça de Maria Sara descansa no ombro de Raimundo, com a mão esquerda ele acaricia-lhe o cabelo e a face. Não adormeceram logo. Sob o alpendre da varanda respirava uma sombra” p. 319.


Crédito da imagem: professortinoco.blogspot.com
A leitura desse texto não substitui a leitura integral do livro. A próxima resenha a ser publicada aqui será Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

Deixe o seu comentário sobre o texto; ajude-nos a fazer um texto bem completo para quem vai prestar o vestibular no fim de ano.

Boa Leitura e Abraços


Leia também o resumo do vestibular OUL

Biblioteca Pública em ruínas: preservaram vidas. Mas a história…

Vanessa Correia

Crédito da imagem: Consulado Brasil
Desde que o prédio do antigo Colégio General Osório foi interditado, em março, a Biblioteca Municipal e o Arquivo Público de Ilhéus permanecem desabrigados. Matéria do site Jornal Bahia Online mostra a situação preocupante de um rico acervo, com mais de 35 mil títulos e 80 obras raras catalogadas, destacando que a Prefeitura ainda não conseguiu encontrar um imóvel para receber os documentos.
A secretária municipal da Educação, Lidney Campos, afirma que não se achou um imóvel adequado. Mas o jornal apurou que, na verdade, muitos proprietários recusam alugar à Prefeitura. Confira a situação do prédio.
A solução encontrada pela Prefeitura de Ilhéus para o perigo iminente de desabamento do prédio da Biblioteca Pública Adonias Filho preservou a vida dos funcionários que trabalhavam no local mas está praticamente decretando a “morte” da memória e dos registros históricos de Ilhéus. Os funcionários que trabalhavam no local foram retirados do prédio em fevereiro, após um laudo emitido pelo engenheiro Hermano Fahning, diretor de operações da secretaria municipal de Planejamento, determinando a imediata suspensão das atividades no prédio, que apresenta sérios problemas em sua estrutura e poder vir a desabar. Mas os livros da biblioteca e os documentos oficiais do Arquivo Público Municipal, que também funciona no prédio histórico, permanecem no local cheio de infiltração e sem, sequer, um segurança. Muitos livros, já molhados pela ação das chuvas dos últimos dias, estão irrecuperáveis.
Somente a Biblioteca Pública possui cadastrados pelo menos 35 mil títulos, incluindo neste acervo uma quantidade significativa de obras raras da literatura brasileira. Só em Braile, o acervo é composto de pelo menos 6 mil exemplares. Recentemente, membros da Fundação Biblioteca Nacional e da Diretoria de Bibliotecas Públicas do Estado da Bahia identificaram 80 obras raras existentes na biblioteca, acervo encontrado em poucos espaços culturais do País. Cerca de 600 estudantes passam mensalmente pelo espaço, que atende, além de estudantes secundaristas, muitos universitários que estudam no eixo Ilhéus-Itabuna.
Procurada pelo Jornal Bahia Online, a secretária municipal de Educação, Lindiney Campos, afirmou que a maior dificuldade encontrada, no momento, é alugar um espaço que possa receber o acervo. “Não é uma coisa fácil”, afirmou, por telefone, ao repórter do JBO. De acordo com a professora Lindiney, os espaços até agora encontrados não foram aprovados pela equipe de Patrimônio da Prefeitura. “São espaços que não estão adequados a projetos de acessibilidade e, alguns, ficam muito próximos a áreas de encostas”, explicou. Mas outras fontes palacianas asseguram que algumas casas com o perfil procurado foram encontradas. Os locadores é que não aceitam firmar contrato com a Prefeitura.
Segundo a historiadora Maria Luísa Heine, o prédio agora interditado foi inaugurado em 31 de dezembro de 1915, tendo se constituído na primeira escola pública municipal. Mais tarde passou a se chamar Grupo Escolar General Osório. Foi construído pelo Intendente Antonio Pessoa da Costa e Silva em um terreno doado pelo coronel Misael Tavares, numa época de crise mundial, pois àquela época estava em andamento a Primeira Grande Guerra. O presidente do Brasil era Wenceslau Brás e o governador da Bahia, J.J. Seabra.
A construção lembra as da Belle Époque francesa, pois no Brasil ainda se dava valor a este estilo. Esta expressão, Belle Époque, está diretamente ligada ao período iniciado em 1871, um período romântico, onde acreditava-se que não haveria mais guerra, as mulheres passaram a ter maior participação social e o mundo melhoraria porque a ciência estava se desenvolvendo para resolver todos os problemas do homem, segundo a filosofia positivista.
Durante muitos anos funcionou a escola, tendo o prédio sido utilizado pelo exército durante a Segunda Guerra Mundial. O prédio está dividido em duas partes, onde a freqüência era dividida em “sexo feminino” e “sexo masculino”.
A área mais afetada é o piso inferior da biblioteca Adonias Filho. De acordo com Hermano Fahning, a estrutura ainda não cedeu porque trata-se de uma obra feita em 1915, quando a engenharia exagerava na segurança de projetos estruturais. Nas paredes do histórico imóvel existem, inclusive, trilhos de ferro, que estão ajudando a segurar a estrutura comprometida. Como se trata de um prédio histórico, o engenheiro sugere que a restauração seja feita com o uso de um reforço estrutural.

Bibliotecas públicas aceitam doações de livros usados

Edison Veiga e Flávia Tavares - O Estado de S.Paulo
 
Maior e mais tradicional biblioteca pública de São Paulo, a Mário de Andrade investiu R$ 123 mil em 2010 na aquisição de novos títulos - no total dos acervos das bibliotecas, a Prefeitura investiu quase R$ 2 milhões. Mas nem tudo o que entra em seus catálogos precisa ser comprado.

Quem quer se desfazer de livros pode procurar as bibliotecas públicas para doar. As obras precisam estar em bom estado - e livres de fungos ou infestação de insetos, que poderiam contaminar toda a biblioteca. Em geral, as instituições recebem o material pessoalmente e fazem uma triagem.
Com a Mário de Andrade, entretanto, o processo é um pouco diferente. Isso "em razão de ser uma das mais procuradas", como informa a administração.

Ali, antes é preciso elaborar a listagem das obras (com título, autor, ano de publicação, edição e editora) e encaminhá-la para bmadesenvcolecoes@prefeitura.sp.gov.br. A mensagem deve ser identificada: nome, sobrenome, cidade e telefone para contato. Em dez dias, a relação é analisada e respondida pela biblioteca. Só então o material aprovado deve ser encaminhado.

Coleção. Assim que o editor e artista gráfico Massao Ohno morreu, no ano passado, sua viúva e amigos passaram a se mexer para que sua biblioteca - cerca de 600 títulos de poesia contemporânea - fosse incorporada pela Mário de Andrade. "Não queria que se transformasse em dinheiro, achava que precisava se tornar público na biblioteca que ele tanto gostava", conta a viúva, Marjorie Sonnenschein.

Outro caso de doação ilustre, um pouco mais antiga, é o da vasta biblioteca de 20 mil volumes do poeta e tradutor Haroldo de Campos, morto em 2003. "A família dele recebeu ofertas para vender para instituições estrangeiras. Mas optou para que permanecesse no Brasil", conta o poeta Frederico Barbosa. Ele se tornou "guardião" do acervo desde 2004, quando a coleção foi doada ao Estado e passou a ficar na Casa das Rosas, na Avenida Paulista.

Fonte: ESTADÃO

Biblioteca pública guarda jornal do dia da inauguração da Ponte Hercílio Luz

Edição 3.580 do O Estado, do dia 13 de maio de 1926, utilizava ainda "official" e "vehiculos"

Inauguração da ponte e homenagem ao ex-governador Hercílio Luz são destaques da edição do dia 13 de maio de 1926,
Foto: Reprodução/Agência RBS

Juliana Sakae

A Ponte Hercílio Luz completa nesta sexta-feira 85 anos de sua inauguração. A Biblioteca Pública de Santa Catarina, no Centro de Florianópolis, conserva edições desde o início do século passado, incluindo a edição 3.580 do jornal O Estado, publicada em 13 de maio de 1926.

Na capa do jornal, o título é histórico: "A inauguração official da Ponte Hercílio Luz". Utilizando a gramática antiga — com termos como "vehiculos", "apezar", "aquella" e "cahia", o repórter conta que, por causa da chuva, as escolas públicas não puderam comparecer.

Leia mais em: Diário Catarinense

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Forma y Palabra I. Introducción a la Paleografía. Nociones fundamentales para acercarse a las letras antiguas

Presentación
Cuantiosos estudiosos se han topado con un problema cuando acuden a un archivo histórico. Al intentar leer los documentos, comprueban con estupor cómo la forma abigarrada de las letras dificulta la identificación de las palabras. Esa no es la única complicación que acaece al leer un texto antiguo, ya que para usar la información que porta se ha de transcribir, se ha de “transportar” a las grafías actuales, para facilitar la comprensión del texto. Ello plantea diversos problemas fáciles de resolver si se cuenta con las pautas dadas por la ciencia paleográfica, que se ocupa del estudio y conocimiento de las letras antiguas.
Esta Lección Magistral nace como respuesta ante la creciente demanda de conocimiento paleográfico de archiveros e historiadores que, pese a su experiencia práctica, carecen de formación teórica de paleografía. Supone una introducción al mundo de las letras antiguas, que ofrece los fundamentos esenciales para conocer la paleografía, así como para ofrecer un primer acercamiento a la lectura y transcripción de textos sencillos, dada la alarmante proliferación de transcripciones sin ningún criterio paleográfico.

Objetivos
Ofrecer conocimientos teóricos básicos e imprescindibles sobre la ciencia paleográfica y el estudio de las letras antiguas, así como las nociones y normas tan básicas como necesarias para poder transcribir un texto.

Destinatarios
A esta Lección Magistral pueden acceder desde curiosos de las letras antiguas hasta estudiosos, investigadores y usuarios de archivos que necesiten aprender los fundamentos de la ciencia paleográfica y transcribir textos. Principalmente, filólogos, archiveros, bibliotecarios, documentalistas, historiadores e historiadores del arte, pero también encontrarán provecho estudiantes de humanidades en general.
Es importante señalar que no se requiere ningún conocimiento previo sobre la materia y que se complementa con la Lección Magistral Forma y Palabra II: Transcripción paleográfica de textos modernos en España e Hispanoamérica (siglos XV al XVIII).

Programa
- Introducción.
- Concepto y definición de Paleografía.
- Materias escriptorias e instrumentos gráficos.
- Introducción a los ciclos escriturarios.
- Abreviaturas y braquigrafía.
- Breve acercamiento a las normas de transcripción de un documento.
- Recomendaciones para la lectura y práctica paleográfica.
- Bibliografía.

Ver más en: Fundación Ciencia de la Documentación

Seminário de Psicologia e Saúde em Palmela Práticas na Administração Pública vão ser debatidas

Crédito da imagem: igogo

 A Câmara Municipal de Palmela promove, amanhã, dia 10 de Maio, o I Seminário de Psicologia e Saúde, subordinado ao tema “A Psicologia e a Saúde Mental: as Práticas na Administração Pública”.

O encontro decorre no Auditório da Biblioteca Municipal de Palmela, com início às 9h15, e conta com a participação de vários profissionais de autarquias, instituições médicas e universitárias, ligados às áreas da Psicologia e da saúde mental. Com este Seminário, pretende-se fomentar a partilha e a discussão de experiências, conhecimentos e práticas de trabalho entre organismos da Administração Pública, assentes em estratégias e comportamento saudáveis e didácticos que contribuam para o enriquecimento das pessoas e das organizações.
A iniciativa enquadra-se no âmbito das medidas de gestão global dos recursos humanos que a Câmara Municipal de Palmela tem vindo a implementar, com o objectivo de promover a saúde e o bem-estar pessoal e profissional, bem como a motivação, o desempenho e a eficácia organizacional.

A participação é gratuita e aberta a todos os interessados.
Inscrições e informações através do telefone 212336682 (extensões 2551/ 2552). 

Fonte: Rostos.pt

Acervo documental em papel sofre deterioração na Bahia

Com aproximadamente 5,5 mil livros raros, cerca de 60 mil valiosos e mais de três mil títulos de revistas e jornais extintos e correntes, a Biblioteca Pública do Estado da Bahia, mais conhecida como Biblioteca Central ou Biblioteca dos Barris, tem um importante acervo para a pesquisa sobre a história baiana e brasileira.
Toda esta riqueza documental, porém, está mantida apenas nos originais e cópias em papel ou tecido, que sofrem com a ação do tempo. Alguns exemplares já têm o “corpo” atacado por traças e  mofo.
“Uma parte do acervo precisa de restauro, mas fazemos aqui pequenos reparos, pois não temos laboratório próprio”, explica a diretora da biblioteca, Kilma Alves. A equipe  mantém o acervo 24 horas refrigerado e as publicações são limpas periodicamente. Algumas coleções mais fragilizadas, no entanto, estão disponíveis    apenas para pesquisadores cadastrados, a fim de evitar o excesso de manuseio, que contribui para a deterioração. “Além disso, as obras só são folheadas com o uso de luvas e máscaras”, enfatiza a subgerente de livros raros e valiosos, Célia Mattos.
Digitalização  - Apesar do cuidado, há um consenso entre a equipe da biblioteca sobre a necessidade de digitalizar o acervo, a fim de preservá-lo e ampliar o acesso às publicações.
De acordo com a coordenadora do curso de arquivologia da Ufba e mestre em ciência da informação, Aurora Freixo, a digitalização é um caminho sem volta, mas a Bahia está atrasada neste processo. “Temos conhecimento técnico e mão de obra preparada, mas faltam investimentos do poder público”. Segundo a Fundação Pedro Calmon (FPC), órgão responsável pelas bibliotecas públicas do Estado, a digitalização já foi iniciada no Arquivo Público do Estado, priorizando documentos originais, e chegará ao acervo da Biblioteca dos Barris e de outras instituições. Em nota, a FPC diz que máquinas especializadas foram adquiridas e funcionários receberam treinamento, mas que o projeto ainda está “na fase de captação de recursos financeiros”.
Primeiro passo - Por meio de uma parceria com o Ministério da Cultura, a FPC lançou ontem a coleção digitalizada do Catálogo de Fontes Manuscritos ‘Avulsos’ da Capitania da Bahia, com documentos de 1604 a 1828 do período colonial brasileiro. Os dois CD-Rom com o material – trazido do Arquivo Histórico Ultramarinho de Portugal –  estão disponíveis no Arquivo Público e podem ser adquiridos no local.

Responsável diz que mediateca combate exclusão digital

Benguela – O coordenador da Mediateca da província de Benguela, Victor Silva, afirmou esta quinta-feira que a biblioteca informatizada e multimédia é um instrumento fundamental no combate à exclusão digital que se regista actualmente na sociedade angolana.

Victor Silva fez essa afirmação quando apresentava o projecto da Mediateca de Benguela, cujo início da obra foi simbolizada com o lançamento das duas primeiras pedras pela secretária para os Assuntos Sociais do Presidente da República, Rosa Pacavira de Matos, e pelo governador provincial de Benguela, Armando da Cruz Neto, respectivamente.

Para o responsável, com recurso às novas tecnológicas, à educação e à ciência da informação, a mediateca vai contribuir no aumento da inclusão digital de diversos segmentos sociais, sobretudos estudantes em Benguela.

Destacou que a mediateca vai desenvolver programas de apoio ao ensino local, permitindo a inclusão tecnológica dos estudantes e das escolas públicas.

Sublinhou que a biblioteca informatizada e multimédia faz com que haja acessibilidades à informação sem custo, globalização e a facilitação do acesso ao conhecimento e ao saber e o fomento de uma sociedade cada vez mais informada e actualizada.

Ressaltou que a mediateca tende a promover a formação e auto-aprendizagem, proporcionar meios e instrumentos necessários à investigação e ao desenvolvimento, aumentar a literatura e estimula o prazer da leitura e da pesquisa, bem como suporta a comunidade académica.

A mediateca de Benguela, de acordo ainda com a fonte, deverá criar um centro de dados do acervo nacional literário, cultural e científico

A mediateca de Benguela, a primeira do género nesta província, vai ser construída junto ao Liceu Comandante Kassanje, com um custo de quatro milhões e 900 mil dólares norte-americanos, devendo albergar num espaço de leitura 300 pessoas, entre académicos e investigadores.

Em Junho de 2012, altura em que se prevê a conclusão da obra, a mediateca de Benguela, a cargo da empreiteira chinesa Ecadint, com a fiscalização da empresa espanhola Impulso, vai oferecer ainda um auditório com 150 lugares, áreas administrativas, parque de estacionamento e jardins interiores.

Na mediateca o público poderá consultar livros, sem custo, jornais e revistas de informação geral, em português ou em outro idioma, e no espaço audiovisual CDs e filmes em vídeo, dispondo ainda de uma área de acesso à Internet, possibilitando o estabelecimento de comunicações através das novas tecnologias.

Fonte: Angola Press

quarta-feira, 4 de maio de 2011

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA EM ALVORADA


Bibliotecária Carmem e o Téc. em Biblioteconomia Mário

A BPMJG, com o seu Projeto Descarte, contribui com a montagem de algumas bibliotecas comunitárias. Já foram formados pontos de leitura nas vilas onde houve reassentamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tendo a BPMJG enviado diversos livros para a biblioteca do DEMHAB. Atualmente, estamos enviando livros que são desbastados ou duplicados em nosso acervo para uma biblioteca comunitária que está sendo montada em Alvorada.
Ontem (02 de maio), recebemos na BPMJG a visita de Mário Sérgio Leandro, técnico em Biblioteconomia e estudante de Biblioteconomia na UFRGS, alvoradense que está participando do projeto de construção da biblioteca comunitária daquele município.
A grande maioria das bibliotecas enfrenta problemas semelhantes ao de nossa biblioteca com relação ao espaço: a falta dele. Afirmava Ranganathan que o acervo de uma biblioteca é um organismo em expansão; mas como resolver tal problema? Como produzir espaço dentro da biblioteca?
Esta política que é adotada a nossa biblioteca, está conseguindo resolver este problema não só de uma forma administrativa, mas também com uma postura social frente ao incentivo à leitura e ao acesso ao livro como bem cultural e como prática de cidadania.
Mário Sérgio Leandro, agradeceu e lembrou a importância deste tipo de iniciativa:
- Recebemos os livros da BPMJG e estamos montando um belo acervo em literatura para que os moradores da região, possam definitivamente, ter acesso ao livro e à cultura, num país sem muitas bibliotecas e de livros caros demais.
- Gerenciar o acervo em relação às suas duplicatas e à política de desbaste pode ser um pequeno passo administrativo, mas um grande passo para o impulso à formação de bibliotecas comunitárias.

Prateleira, Sonia Racy

A Fundação Biblioteca Nacional conseguiu liberar, no Ministério da Cultura, recursos de R$ 13,3 milhões. Objetivo? Implantação de bibliotecas, pontos de leitura e bolsas para contratação de 2.415 agentes de leitura em 400 municípios para atuar junto aos beneficiados pelo Bolsa Família.
Essa quantia, segundo Galeno Amorim, da BN, ajudarão a zerar, até o final do ano, o número de cidades sem bibliotecas no País.

Indicação da notícia: Noé Gomes, blog falando de história