domingo, 8 de abril de 2012

Primeiro como tragédia, depois como farsa; de Slavoj Zizek


Li esse livro duas vezes; na primeira, foi como um soco na boca do estomago: senti náuseas e a verdade oferecida a mim pelo livro de Zizek embaçou a minha visão, acentuando ainda mais a discrepância do que nos dizem os noticiários sobre Terrorismo, Crise Econômica – a mais atual (2009) -, Crise Ecológica, e as relações de poder entre os Estados nesse emaranhado chamado Globalização.

Tudo começa pelo Ataque às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001; segundo Zizek, e aqui ele apropria-se do conceito hegeliano de que é preciso duas mortes para o fim de uma Ideia: o trágico e impossível acontecimento seguido pela sua absurda repetição. A tragédia da morte do sistema do capital como Ideia foram os ataques às Torres Gêmeas, seguidos por uma década de crises estruturais. Na segunda leitura, apertei os cintos, respirei fundo, e li cada linha como se fosse o último livro a ser lido em vida, e realmente consegui achar o fio da meada que Zizek tenta delinear: a crise geral do capitalismo, mas não de forma histérica e desmedida, mas de uma maneira que a necessidade de se pensar uma outra condição de vida mais humana fora dos parâmetros do Capital.



Sobre o Comunismo, não devemos procurar nele o que ele pode nos dizer sobre os problemas de hoje por uma simples razão: o Comunismo que conhecemos fora um Comunismo que representava um determinado período histórico com demandas sociais específicas para a época em que foi desenvolvido - mesmo com o trauma Stalinista. O que devemos fazer é o caminho contrário, segundo Zizek: ver o que os problemas de hoje podem nos auxiliar a produzir uma nova versão comunista para a agenda de problemas que se apresentam nesse início de século XXI. Zizek também mostra como é difícil para a Esquerda realizar uma renovação à altura de um sistema capitalista que se revoluciona todo momento. Ele nos questiona: por que para preservamos o Meio Ambiente devemos comprar sacolas retornáveis? Enquanto países do terceiro mundo ainda não possuem água potável – e talvez nunca a tenham – sofrem com esse flagelo enquanto bilhões de dólares foram injetados na economia global por causa de irresponsabilidade de alguns? Em outras palavras: por que toda a nossa atividade humana tem de passar pelo CONSUMO, inclusive no que se refere ao exercício de direitos?

Slavoj Zizek não é nada poético no que escreve e nos revela em Primeiro como tragédia, depois como farsa; mas pelo menos é sincero e coerente. Lê-lo é abrir mão de verdades “pasteurizadas” encontradas em supermercados, na TV, ou até mesmo em algumas salas de aula universitárias... Lê-lo é ficar saudavelmente perturbado com o que acontece ao nosso redor, por mais que nos digam o contrário.

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