Criado há 13 anos o Google é hoje bem mais do que um simples buscador. Crédito da imagem: MTV/UOL |
Por Mariana Caldas
Quando Siva Vaidhyanathan, 45, especialista em história cultural e professor da Universidade de Virgínia, soube de um plano do Google de digitalizar bibliotecas universitárias, ficou preocupado. Parecia muito controle para uma empresa só. Ele decidiu investigar a corporação e a nossa relação com ela. Os estudos se transformaram no livro The Googlization of Everything – And Why We Should Worry ('A Googalização de Tudo – E por que devemos nos preocupar', em tradução livre), lançado em março nos EUA.
Para o autor, sempre devemos nos questionar sobre os resultados de nossas buscas porque, como ele mesmo diz, o Google é onipresente, onipotente e onisciente, mas isso não significa que seja benevolente. "Cada vez mais, o Google muda a forma como vemos o mundo e como julgamos a informação. Para muitos, o site é fundamental para tomar decisões e muitos dependem dele para isso. Mais do que isso: o Google gera a nossa reputação. Ele gerencia as fontes de informação que encontramos. E as formas de comércio", explicou o autor, em entrevista à Folha de S.Paulo. E completa: "As pessoas precisam perceber que o Google é falível, porque é uma empresa, construída e dirigida por seres humanos. E deve lucrar".
Vaidhyanathan não nega os benefícios do Google, que organizou a web e de fato deixou a sua vida e a vida de todos muito mais fácil. O problema, para ele, é a forma como o usamos, sem saber como ele funciona, sem questionar os resultados. "Quanto melhor entendermos como ele funciona, melhor poderemos corrigir a tendência que ele tem de nos dar respostas rasas, resultados rápidos que são projetados para ajudar a consumir coisas em vez de entender coisas”, comenta.
Segundo o historiador, o Google é bom para pesquisas rápidas e assuntos triviais. Não para questões complexas e profundas como debates científicos e políticos. Para ele, devemos começar a procurar outros caminhos, serviços que atendam a necessidades específicas, no caso da ciência e saúde, e voltar a usar as bibliotecas públicas, que ainda são os melhores lugares para encontrar informações úteis sobre assuntos complexos. "A internet certamente mudou nossas vidas quase que instantaneamente. Mas nós podemos perder a liberdade e a abertura que ela nos permite se não lutarmos para preservá-la. Há governos e empresas que gostariam de controlá-la. Uma saída é termos alternativas múltiplas de pesquisa e esforços do governo para sistemas de informações claros e abertos", conclui.
The Googlization of Everything
Autor: Siva Vaidhyanathan
Editora: University of California
Preço: R$ 62; 296 págs.
Onde encontrar: no site da Livraria Cultura e na Amazon, em inglês
Fonte: MTV/UOL
Muito interessante a abordagem feita pelo pesquisador. De fato estamos diante de uma "Googalização", ao necessitarem de algum tipo de informação as pessoas correm para o Google automaticamente.Fazemos uso de tudo o que está disponível"gratuitamente" na internet sem nos questionar sobre o que existe por traz de tudo isso... Essas maravilhas tecnológicas que indiscutivelmente, facilitam nossas vidas têm um preço sim! Mas muitos de nós não param para pensar nisso. Com a correria diaria da vida moderna, nos preocupamos em fazer nossas atividades rápidamente quase como máquinas, pois nunca temos tempo...Nosso tempo está escasso, inclusive para pensar...
ResponderExcluirÉ por isso que muitas pessoas não sabem o preço que na verdade estão pagando quando usam "gratuitamente" os serviços e facilidades oferecidos pela Internet, como por exemplo, as redes sociais, os mecanismos de busca, nossos e-mails, etc. Esses serviços não são gratuitos, pagamos por todos eles com nossos dados! Com informações sobre nossos gostos, nosso estilo de vida,do que gostamos de ler, de comer, do tipo de filme que gostamos de assistir, etc. Informamos absolutamente tudo, sem perceber que essas informações valem muito para o mercado, sobretudo em nossa sociedade de consumo.
É fácil perceber o que há por traz de tudo isso, quanto mais o mercado sabe como somos, e do que gostamos, mais fácilmente geram produtos e coisas que não precisamos para nos vender! Criam necessidades e demanda de consumo!E nós compramos!
Então deixo algumas perguntas. Quanto vale as informações sobre a sua vida? Qual o valor dos seus dados? Quanta informação pessoal você está oferecendo? O quanto está se expondo nas redes sociais?
Não quero com isso fazer uma campanha contra o uso de todos esses serviços que encontramos na internet. Mas sempre é bom pensar no assunto. Acredito que o melhor a fazer é seguir as orientações do Ministério da Saúde quando diz "beba com moderação" nos anuncios sobre bebida alcóolica. No caso da internet, principalmente das redes sociais, eu diria "use com moderação" ou melhor "exponha-se com moderação"!
Rita do Carmo F. Laipelt - Mestre em Comunicação e Informação PPGCOM/UFRGS. Doutoranda em Linguistica Aplicada/UNISINOS.