Quando os alunos começam a dominar a leitura, a ida à biblioteca fica mais frequente |
Desde que começou a lecionar, há 30 anos, a professora Maria
Bernadete Souza da Silva usa a literatura como recurso para desenvolver o
aprendizado da leitura e da escrita entre os alunos. Ao observar
o gosto das crianças pelas histórias e o fato de que elas já conheciam
quase todas, a educadora resolveu inovar nas narrativas.
A cada ano, com base em cada letra do alfabeto, ela modifica as
histórias, inventa outras ou acrescenta fatos, de acordo com o interesse
da turma.
– É uma prática que tem dado certo, pois as crianças associam as
letras às histórias que ouvem; a alfabetização acontece naturalmente –,
explica Maria Bernadete, que leciona na Escola Municipal de Ensino
Fundamental David Canabarro, em Canoas (RS), na região metropolitana de
Porto Alegre.
Formada em pedagogia, a professora explica que as aulas são
organizadas como se fossem um grande livro de histórias, contadas uma a
uma.
– Dessa forma, os alunos sentem necessidade de saber qual será a
próxima, pois são despertados neles a curiosidade e o prazer pela leitura –, ressalta.
Outro recurso usado é a dramatização.
– Como conto histórias dramatizando cada passagem, acabo por transformar a aula em um grande teatro –, destaca Maria Bernadete.
– A cada hora, um aluno tem a possibilidade de ser o protagonista de uma história.
Esses recursos, salienta a professora, são os melhores para a
obtenção de um grande número de alunos alfabetizados no fim de um ano
letivo. Por meio deles, Maria Bernadete sempre conseguiu bons
resultados. Ela enfatiza, no entanto, que o mais importante é a alegria e
o prazer que as crianças demonstram em estar na escola. Os estudantes
evitam faltar às aulas para não perder a próxima história.
Quando os alunos começam a dominar a leitura, a ida à biblioteca e a retirada de livros fica mais frequente.
– Sendo eu uma contadora de histórias, acabo por plantar neles também o gosto de ouvir e contar –, avalia a educadora.
Para o fim do ano, ela prepara uma coletânea das melhores histórias da turma.
Com 700 alunos em classes do primeiro ao sexto ano do ensino
fundamental, a escola Davi Canabarro tem cinco turmas de alfabetização.
– Enquanto escola, temos muita preocupação com a alfabetização e o letramento –, salienta a diretora Sílvia Letícia de Senna.
– Contamos com profissionais que sempre buscam novidades e mostram
disposição de usar o lúdico como ingrediente especial para o processo de
construção da escrita e da leitura –, salienta a diretora. Sílvia é
formada em pedagogia, com habilitação em supervisão escolar, e tem
pós-graduação em informática educativa.
Cada professora da escola pode usar a metodologia que melhor domina e
com a qual se sente mais à vontade. Segundo Sílvia, é possível observar
diferenças nos resultados obtidos entre as diferentes turmas. Ela
destaca as que adotam práticas lúdicas, com o uso de histórias.
– Percebe-se um número maior de alunos que alcançam a alfabetização e
também o tempo menor dos estudantes para concluir essa trajetória.
Fonte: Correio do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário