sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Para cada letra do alfabeto tem uma história

Quando os alunos começam a dominar a leitura, a ida à biblioteca fica mais frequente

Desde que começou a lecionar, há 30 anos, a professora Maria Bernadete Souza da Silva usa a literatura como recurso para desenvolver o aprendizado da leitura e da escrita entre os alunos. Ao observar o gosto das crianças pelas histórias e o fato de que elas já conheciam quase todas, a educadora resolveu inovar nas narrativas.

A cada ano, com base em cada letra do alfabeto, ela modifica as histórias, inventa outras ou acrescenta fatos, de acordo com o interesse da turma.

– É uma prática que tem dado certo, pois as crianças associam as letras às histórias que ouvem; a alfabetização acontece naturalmente –, explica Maria Bernadete, que leciona na Escola Municipal de Ensino Fundamental David Canabarro, em Canoas (RS), na região metropolitana de Porto Alegre.

Formada em pedagogia, a professora explica que as aulas são organizadas como se fossem um grande livro de histórias, contadas uma a uma.
– Dessa forma, os alunos sentem necessidade de saber qual será a próxima, pois são despertados neles a curiosidade e o prazer pela leitura –, ressalta.

Outro recurso usado é a dramatização.
– Como conto histórias dramatizando cada passagem, acabo por transformar a aula em um grande teatro –, destaca Maria Bernadete.
– A cada hora, um aluno tem a possibilidade de ser o protagonista de uma história.

Esses recursos, salienta a professora, são os melhores para a obtenção de um grande número de alunos alfabetizados no fim de um ano letivo. Por meio deles, Maria Bernadete sempre conseguiu bons resultados. Ela enfatiza, no entanto, que o mais importante é a alegria e o prazer que as crianças demonstram em estar na escola. Os estudantes evitam faltar às aulas para não perder a próxima história.

Quando os alunos começam a dominar a leitura, a ida à biblioteca e a retirada de livros fica mais frequente.
– Sendo eu uma contadora de histórias, acabo por plantar neles também o gosto de ouvir e contar –, avalia a educadora.
Para o fim do ano, ela prepara uma coletânea das melhores histórias da turma.

Com 700 alunos em classes do primeiro ao sexto ano do ensino fundamental, a escola Davi Canabarro tem cinco turmas de alfabetização.
– Enquanto escola, temos muita preocupação com a alfabetização e o letramento –, salienta a diretora Sílvia Letícia de Senna.
– Contamos com profissionais que sempre buscam novidades e mostram disposição de usar o lúdico como ingrediente especial para o processo de construção da escrita e da leitura –, salienta a diretora. Sílvia é formada em pedagogia, com habilitação em supervisão escolar, e tem pós-graduação em informática educativa.

Cada professora da escola pode usar a metodologia que melhor domina e com a qual se sente mais à vontade. Segundo Sílvia, é possível observar diferenças nos resultados obtidos entre as diferentes turmas. Ela destaca as que adotam práticas lúdicas, com o uso de histórias.
– Percebe-se um número maior de alunos que alcançam a alfabetização e também o tempo menor dos estudantes para concluir essa trajetória.

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