Lucas pega livros emprestado na biblioteca do Metrô instalada na Estação Santa Cecília |
Suzane G. Frutuoso - Jornal da Tarde
Lucas Reis de Lima Silva, 9 anos, morador de Osasco, região metropolitana de São Paulo, diz que gosta de gastar energia. Adora as aulas de educação física e os treinos de natação que preenchem suas tardes. Mas o título de campeão que o jovem atleta já ostenta é outro. Lucas foi o usuário (entre o público de até 12 anos) que mais emprestou livros da biblioteca Embarque na Leitura, projeto do Metrô de São Paulo, em parceria com o Instituto Brasil Leitor (IBL). Foram 190 obras em dois anos.
O garoto prova que a literatura ganha novos adeptos a cada dia e não está ameaçada pela internet, como alguns já chegaram a defender. Pelo contrário. Há mais políticas públicas de incentivo à leitura justamente porque a demanda cresce. “Temos 40 mil associados, que emprestaram mais de 400 mil livros desde 2004, quando a atividade começou na Estação Paraíso”, diz Aloizio Gibson, chefe do departamento de marketing do Metrô. No acervo, mais de 17 mil publicações, desde clássicos do vestibular até títulos mais atuais.
A estação onde Lucas escolhe as obras que vai ler é a Santa Cecília. Ele passa lá todos os dias com a mãe, a dona de casa Valéria dos Reis Silva, 41 anos, sua incentivadora. “Para minha leitura, retiro uns dois livros por mês no metrô. Sempre tenho um na mão e explico ao meu filho o quanto se aprende. São descobertas que ninguém nunca vai tirar dele.” Foi Lucas quem pediu a Valéria para fazer as carteirinhas de sócios. E ele mesmo percebe que a leitura lhe trouxe benefícios. “Quando tem ditado na escola, aparecem palavras que já li nos livros e acerto tudo.”
Encontrar os livros em lugares alternativos (como metrô) ou em bibliotecas que têm investido em ambientes aconchegantes é motivador, diz a pedagoga e psicóloga Cybele Meyer. “Antigamente, o livro estava em locais escuros e com ar nostálgico.”
O projeto Ônibus-biblioteca, da Prefeitura, também é um sucesso. São quatro veículos que percorrem regiões carentes, que não dispõem de atividades culturais, num total de 24 roteiros. Até o fim do ano serão oito ônibus, com previsão de passar a 12 em 2012. Eles estacionam uma vez por semana no bairro. “Chegam pessoas de todas as idades. Elas ficam fascinadas”, diz Maria Zenita Monteiro, diretora da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas, da Secretaria de Cultura. O público é 55% superior aos das 55 bibliotecas municipais, com 164% mais empréstimos de livros.
Maria Zenita admite que algumas das bibliotecas perderam público nos últimos anos e que reformas são necessárias. “Os prédios são antigos, a maioria da década de 60. Mas as melhorias estão sendo realizadas.” Outro problema é que alguns desses espaços foram construídos em áreas de pouco movimento. “Precisamos ir atrás da população”, diz Zenita. “Mais do que fonte de informação, a leitura desperta sentimentos e traz perspectiva.”
Fonte: ESTADÃO
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