As redes sociais e a Web 2.0 foram o tema escolhido para o 2.º Encontro “Leituras, Leitores, Educação” que decorreu no dia 28 de Abril no auditório da Biblioteca Municipal de Nisa. Entre professores bibliotecários, responsáveis e técnicos de bibliotecas municipais, coordenadores de departamentos escolares, responsáveis autárquicos e da rede de bibliotecas escolares, foram cerca de 70 as pessoas que participaram no evento, que pretendeu reforçar a cooperação e o trabalho em rede entre bibliotecas municipais e escolares.
Depois do 1.º Encontro, que decorreu em Nisa em Abril de 2010 e se debruçou sobre a cooperação entre redes de bibliotecas públicas e escolares, a edição deste ano teve como objectivo reflectir sobre o conceito 2.0 e as estratégias de implementação da biblioteca 2.0 em contexto escolar, assumindo-se como espaço privilegiado para a partilha de experiências acerca das ferramentas, conteúdo social e atitudes.
Crédito da imagem: Jornal de NISA |
O encontro arrancou na manhã de quinta-feira com uma sessão de abertura onde Gabriela Tsukamoto, presidente da Câmara Municipal de Nisa, deu as boas-vindas aos participantes e sublinhou a importância da cultura e da educação enquanto “pilares da sociedade”, destacando que “a Web pode ter muitos riscos, mas também tem muitas vantagens”, na medida em que permite pôr à disposição de todos “um mundo de saber” e que “com esta informação podemos construir uma sociedade melhor”.
A autarca frisou ainda a importância do protocolo assinado em Dezembro entre o Município e o Agrupamento de Escolas de Nisa com vista à criação do Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares e revelou que a autarquia pretende criar um espaço dedicado ao ensino da internet aos idosos, de forma a que também esta faixa etária tenha um acesso mais vasto à informação.
A web como aliada das bibliotecas escolares
Foi também sobre a Web e as bibliotecas escolares que se debruçou o primeiro orador do dia. Carlos Pinheiro, coordenador inter-concelhio da Rede de Bibliotecas Escolares do concelho de Cascais, defendeu que mais do que um local de consulta, “as ferramentas Web2.0 permitem aos professores disponibilizar verdadeiras experiencias de aprendizagem aos alunos, estimulando a criatividade, a inovação, o pensamento crítico e a colaboração, gerando um impacto positivo nos resultados académicos”. Assim, segundo este professor, blogues, podcasts, vídeos, marcadores e redes sociais devem ser encarados como ferramentas indispensáveis para as bibliotecas, facilitando aos alunos o acesso a informação relevante e de qualidade.
Já Elisabete Leal, professora bibliotecária, apresentou ao auditório o projecto “@ler e a ler” desenvolvido na Escola Secundária de Campo Maior, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, e que convidou os alunos a ler o texto impresso através das novas tecnologias, como o iPAD, procurando reflectir sobre os livros, as novas tecnologias e outras formas de ler.
O último painel da manhã seria dedicado ao tema “Literacias e aprendizagens na versão 2.0”, com Maria José Amândio, da Rede de Bibliotecas Municipais de Oeiras, a argumentar que a internet e a Web 2.0 fazem com que as bibliotecas tenham de adaptar-se às mudanças de comportamento dos utilizadores, quer na forma como acedem à informação como na forma de aprender, necessitando por isso de se converter em espaços de aprendizagem e sociabilização, em vez de meros “armazéns” e locais de acesso à informação.
Blogues ou Facebook?
Durante a tarde o encontro prosseguiu com a intervenção de Luísa Alvim, da Casa de Camilo – Museu e Centro de Estudos, que apresentou uma reflexão sobre a biblioteca 2.0 enquanto organismo em construção. Segundo a oradora, as novas tecnologias e a Web 2.0 não são meras ferramentas de disseminação da informação, sendo o grande desafio que se coloca às bibliotecas utilizá-las de forma a pôr em relevo o papel do utilizador e desenvolver uma arquitectura de participação, cujo objectivo é melhorar e reforçar as competências leitoras e de escrita dos alunos.
Antes do encerramento do Encontro teve lugar um derradeiro painel sobre a pertinência dos blogues como ferramentas de apoio à leitura, em que Gaspar Matos, coordenador da Biblioteca Municipal de Sines, defendeu que, apesar de se verificar um decréscimo do número de blogues nos últimos anos, estes continuam a ser uma mais-valia para as bibliotecas enquanto ferramentas ideais para armazenar, organizar e consultar informação, ao passo que as redes sociais, como o Facebook, se tornam meios privilegiados para estabelecer o contacto e a interacção com os leitores, desmentindo assim a morte anunciada dos blogues.
Teresa Melato
Fonte: Jornal de NISA
Nenhum comentário:
Postar um comentário