Artigo de Hélio Kuramoto enviado ao JCEmail pelo autor.
A informação científica é crucial para o desenvolvimento das pesquisas e, estas, são essenciais para o desenvolvimento científico e tecnológico das nações e gerar novos conhecimentos que são veiculados na forma de artigos científicos, tradicionalmente publicados em revistas com revisão por pares, conhecidas como revistas científicas.
O custo de acesso às principais revistas científicas alcançou níveis insustentáveis, provocando a chamada serials crisis e, isto dificultou o acesso à informação científica. Em resposta, pesquisadores de diversas partes do mundo, preocupados com esta crise e, consequentemente com o impacto negativo no desenvolvimento das pesquisas, promoveram o movimento Open Access (OA).
OA significa acesso em linha, sem custos, imediato e permanente, a artigos em texto integral. O seu objetivo é tornar OA os cerca de 2,5 milhões de artigos publicados, anualmente, em 28 mil títulos de revistas científicas.
Uma de suas estratégias, a via Verde, recomenda aos pesquisadores que publicam em revistas acessíveis mediante assinaturas, portanto de acesso restrito, que depositem uma cópia de seus trabalhos publicados nessas revistas, em repositório institucional OA (RI). As universidades, que aderiram a essa estratégia, construíram os seus RI e adotaram mandatos OA, para garantir a alimentação dos seus RI.
Os pesquisadores, dessas universidades, puderam comprovar, por meio de estatísticas de uso emitidas pelos RI o ganho em visibilidade, uso e impacto nas suas pesquisas. E as universidades perceberam o ganho em competitividade e visibilidade face a sua posição em rankings como o Ranking Web of World Universities.
Essa estratégia promove : 1) a formação de uma cultura e de uma infraestrutura global de compartilhamento e disponibilização da informação científica OA; 2) o acesso livre à informação científica; e 3) a maximização da visibilidade, uso e impacto dos resultados das pesquisas. Estudos recentes comprovam essa maximização, indicando um incremento de 250% no número de citações a artigos da área de física depositados em repositórios OA. É essencial, porém, observar que o OA não desconsidera o importante papel das revistas científicas no fluxo da comunicação científica. Esta via não é a única estratégia proposta pelo OA, mas é a que oferece melhor relação custo/benefício e introduz importante mudança no sistema de comunicação científica. Maiores detalhes sobre OA poderão ser encontrados no meu blog.
Adotar o OA é, pois, uma questão de escolha entre apenas fornecer acesso às revistas de acesso restrito, ou fornecer acesso livre de custos e contar com mecanismos de valorização das pesquisas para maximizar a sua visibilidade, uso e impacto, sinalizando para uma clara política de inovação e desenvolovimento da ciência.
Aderir ou não às iniciativas preconizadas pelo OA? Eis a questão.
Hélio Kuramoto é pesquisador do MCT/Ibict, doutor em Ciência da Informação.
E-mail: alokura2010@gmail.co
Fonte: CRB-10 (via e-mail), Jornal da Ciência
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